Eduque seus filhos para que eles valorizem o que realmente tem valor

A mente humana (lo) é simultaneamente a fonte e, se orientada de forma apropriada, a solução de todos os nossos problemas. Os que adquirem grande erudição mas não têm bom coração correm o risco de serem atormentados por ansiedades e inquietações que resultam de desejos que não podem ser realizados. Inversamente, a compreensão genuína dos valores espirituais tem o efeito oposto. Quando educamos nossas crianças para adquirirem conhecimentos sem compaixão, é muito provável que sua atitude para com os outros venha a ser uma combinação de inveja daqueles que ocupam posições superiores às suas, competitividade agressiva para com seus pares e desdém pelos menos afortunados, o que leva a uma propensão para a ganância, para a presunção, para os excessos e, muito rapidamente, à perda da felicidade. Conhecimento é importante. Muito mais, porém, é o uso que lhe damos.

Isso depende do coração e da mente de quem o usa.
Educação é muito mais do que transmitir conhecimentos e habilidades por meio dos quais se atingem objetivos limitados. E também abrir os olhos das crianças para as necessidades e direitos dos outros. Precisamos mostrar às crianças que suas ações têm uma dimensão universal. E precisamos encontrar uma forma de estimular seus sentimentos naturais de empatia para que venham a ter uma noção de responsabilidade em relação aos outros. Pois é isso o que nos motiva a agir. Se tivéssemos de escolher entre conhecimento e virtude, a última seria sem dúvida a melhor escolha, pois é mais valiosa. O bom coração que é fruto da virtude é por si só um grande benefício para a humanidade. O mero conhecimento, não.

Como, porém, ensinar princípios morais às nossas crianças? Tenho a impressão de que, em geral, os sistemas educacionais modernos negligenciam a discussão de questões éticas. Isso provavelmente não é intencional, mas um subproduto da realidade histórica. Os sistemas educacionais seculares foram desenvolvidos numa época em que as instituições religiosas ainda exerciam grande influencia em toda a sociedade. Como os valores éticos e humanos eram então e ainda são vistos como pertencentes à esfera da religião, presumiu-se que esse aspecto da educação infantil seria atendido durante a sua formação religiosa. E isso funcionou bastante bem até a influência da religião começar a declinar. Embora ainda exista, a necessidade não está sendo atendida. Portanto, temos de encontrar outra forma de mostrar às crianças que os vares humanos fundamentais são importantes. E também ajudá-las a desenvolver esses valores.

download (6)É claro que, em última análise, não se aprende a importância da consideração pelos outros através de palavra mas através de ações: do exemplo que se dá. Por essa razão, o ambiente familiar é um componente fundamental na educação de uma criança. Quando não há uma atmosfera afetuosa em casa, quando os filhos sofrem com descaso dos pais, é fácil reconhecer os prejuízos. As crianças sentem-se indefesas e inseguras e apresentam sintomas de mente agitada. Ao contrário, quando recebem afeição e proteção constantes, mostram-se muito mais felizes e confiantes em suas aptidões. Sua saúde física também costuma ser melhor.

E nota-se que se preocupam não apenas consigo mesmas mas também com os outros. O ambiente familiar é também importante porque as crianças aprendem com os pais a incorporar um comportamento negativo. Se, por exemplo, o pai está sempre brigando com as pessoas com quem trabalha, se pai e mãe estão sempre discutindo de maneira agressiva, a princípio a criança pode até não gostar, mas acaba considerando aquilo normal. Este aprendizado é em seguida levado de casa para o mundo externo.

Também não é preciso dizer que aquilo que as crianças aprendem sobre conduta ética na escola deve antes de tudo ser praticado. Quanto a isso, os professores têm um responsabilidade especial. Seu próprio comportamento pode fazer as crianças lembrarem-se deles pelo resto da vida. Se esse comportamento é íntegro, disciplinado e bondoso, seus valores ficarão gravados na mente das crianças, com repercussões em seu comportamento. Porque as lições ensinadas por um professor com uma motivação positiva (kun long), cujas palavras correspondem ao seu modo de agir, penetram mais fundo na mente do aluno. Sei disso por experiência própria. Quando menino, era muito preguiçoso. Mas se percebia afeição e dedicação em meus mestres, suas lições geralmente calavam mais fundo e com muito mais sucesso do que nos dias em que algum deles demonstrava aspereza ou insensibilidade.
No que se refere aos aspectos específicos da educação, deixo a questão para os especialistas. Vou limitar-me, portanto, a algumas poucas sugestões. A primeira é que, se quisermos despertar a consciência dos jovens para a importância dos valores humanos fundamentais, é melhor não apresentar os problemas da sociedade atual como uma questão meramente ética ou religiosa.

É importante destacar que o que está em jogo é a manutenção de nossa sobrevivência. Dessa forma, passarão a sentir que o futuro está em suas mãos. Em segundo lugar, acredito que o diálogo pode e deve ser ensinado em sala de aula. Apresentar aos alunos um assunto controvertido e estimular o debate entre eles é uma excelente maneira de introduzi-los ao conceito de resolução não-violenta de conflitos. Na realidade, seria muito bom se as escolas fizessem desse tipo de diálogo uma prioridade, pois isso traria benefícios para a própria vida familiar. Ao ver os pais brigando, uma criança que compreendesse o valor do diálogo diria instintivamente: “Não, não é assim que se faz, vocês têm que conversar, discutir as coisas da maneira certa,”

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Finalmente, é imprescindível eliminar dos nossos currículos escolares qualquer tendência para apresentar os outros sob uma ótica negativa, Existem alguns lugares do mundo em que o ensino de História, por exemplo, promove o fanatismo e o racismo contra outras comunidades. O que está errado, Não contribui em nada para o bem da humanidade, Hoje, mais do que nunca, precisamos mostrar às nossas crianças que as distinções entre “meu país” e “seu país”, “minha religião” e “sua religião” são secundárias. Antes de tudo, precisamos af1rInar com insistência que meu direito à felicidade não tem mais peso do que o direito do outro. O que não significa que as crianças devam abandonar ou ignorar a cultura e a tradição histórica do lugar em que nasceram. Pelo contrário, é muito importante que sejam instruídas nesses fundamentos para que aprendam a amar seu país, sua religião e sua cultura. O perigo é quando isso evolui para um nacionalismo estreito, para o etnocentrismo e para a intolerância religiosa. O exemplo do Mahatma Gandhi é pertinente aqui. Mesmo tendo recebido uma educação ocidental de alto nível, nunca esqueceu ou se afastou da rica herança de sua cultura indiana.

Se a educação é uma de nossas armas mais poderosas na campanha para um mundo melhor e mais pacífico, os meios de comunicação de massa – a mídia – são outra.
Todos os personagens políticos sabem que hoje não são mais os únicos com autoridade na sociedade. Além da influência dos jornais e livros, o rádio, o cinema e a televisão juntos exercem sobre as pessoas uma influência que seria inimaginável há cem anos. Este enorme poder confere grande responsabilidade a todos os que trabalham no setor. Mas também confere grande responsabilidade a cada um de nós que, como indivíduos, escutamos, lemos e assistimos. Nós também temos um papel a desempenhar. Não somos impotentes diante da mídia. Afinal de contas, os botões de controle ficam em nossas mãos.

Não estou defendendo aqui noticiários contidos ou distrações insípidas. Ao contrário, no que se refere ao jornalismo investigativo, respeito e aprecio a intervenção da mídia. Nem todos os funcionários dos governos são honestos ao cumprir os seus deveres. É muito conveniente, portanto, que existam jornalistas com narizes tão compridos quanto trombas de elefante bisbilhotando tudo e revelando as transgressões que encontrarem. Precisamos saber quando e como essa ou aquela pessoa famosa esconde um aspecto desconhecido por trás de uma aparência agradável. Não deve haver discrepância entre a aparência externa e a vida interior de uma pessoa. É a mesma pessoa, afinal. As discrepâncias insinuam que não são confiáveis. Ao mesmo tempo, é crucial que os motivos de quem investiga sejam dignos.

O máximo possível de imparcialidade e o respeito pelos direitos do outro são indispensáveis para não desvirtuar a investigação.
Com relação ao destaque dado pelos meios de comunicação ao sexo e à violência, há muitos fatores a considerar. Em primeiro lugar, é evidente que grande parte do público gosta das sensações provocadas por esse tipo de tema. Em segundo, duvido muito que os que produzem todo esse material contendo muito sexo explícito e violência tenham a intenção de prejudicar. Seus motivos são com certeza apenas comerciais. Se isso é positivo ou negativo importa menos na minha opinião do que se tem ou não conseqüências éticas saudáveis. Se assistir a um filme violento desperta o sentimento de compaixão em quem o assiste, talvez aquela representação da violência se justifique. Se o acúmulo de imagens violentas acaba levando à indiferença ante o sofrimento, porém, acho que não é recomendável. Endurecer o coração assim é potencialmente perigoso. Leva facilmente à falta de empatia. Quando os meios de comunicação se concentram demasiado nos aspectos negativos da natureza humana, há o perigo de nos persuadirem que a violência e a agressividade são as principais características do homem. Creio que essa conclusão é um equívoco. O fato de a violência ter tanto valor como notícia sugere exatamente o oposto. As notícias positivas não chamam tanto a atenção porque há um excesso de notícias positivas. Num determinado momento deve haver seguramente milhões de atos de bondade acontecendo no mundo inteiro. Há sem dúvida muitos atos de violência sendo cometidos ao mesmo tempo, mas em número muito menor. Em conseqüência, se a mídia quiser ser eticamente responsável, deve refletir sobre este simples fato É claramente necessário que os meios de comunicação sejam regulamentados. O fato de impedirmos nossas crianças de assistirem a certas coisas indica que já fazemos distinção entre o que é e o que não é apropriado de acordo com diferentes circunstâncias. Entretanto, é difícil saber se a legislação é o melhor caminho para resolver este problema. Em todas as questões de ética, a disciplina só realmente eficaz quando vem de dentro.

Talvez a melhor maneira de nos assegurarmos de que aquilo que os meio de comunicação produzem é saudável esteja na maneira como educamos nossas crianças. Se forem educadas para serem conscientes de suas responsabilidades, serão mais disciplinadas em seu contato com a mídia.

Talvez seja esperar demais que os meios de comunicação promovam os ideais e princípios da compaixão, mas ao menos podemos desejar que os profissionais desta área tenham cuidado quando houver potencial para impacto negativos. Que não haja lugar para o estímulo a atos negativos como os de violência racial. Além disso não sei dizer. Talvez pudéssemos encontrar uma forma de ligar mais diretamente os que criam histórias para o setor de entretenimento e notícias com o espectador, o leitor ou o ouvinte.

DALAI LAMA

Nada é mais importante do que ensinar a compaixão

medita1Como educadores, temos um desejo genuíno de contribuir para uma sociedade mais feliz. No entanto, às vezes me pergunto como podemos manter esta intenção viva e torná-la uma realidade.

Você se lembra de uma carta escrita por um sobrevivente do Holocausto? Ele disse: “Meus olhos viram o que nenhuma pessoa deve testemunhar: câmaras de gás construídas por engenheiros formados, crianças envenenadas por médicos instruídos, bebês mortos por enfermeiras treinadas, mulheres e bebês assassinados por graduados. Então, eu sou suspeito com relação à educação. Meu pedido é: ajude seus filhos a se tornarem humanos “.

 Alguns de nós nos conhecemos nos finais dos anos 90, durante retiros de atenção plena (mindfulness) dos quais participamos regularmente na França e no Reino Unido. Nós éramos jovens e procurávamos viver de acordo com os valores de paz e compaixão. Quais são as qualidades que compõem os Nelson Mandelas e os Dalai Lamas deste mundo? Poderíamos cultivar essas qualidades em nós mesmos e impactar os jovens com quem convivemos?

Com os altos e baixos das circunstâncias de cada dia, não é fácil nos mantermos inspirados e sermos fiéis à nossa motivação inicial de educadores. É tentador olhar para a satisfação profissional de receber elogios, em vez de acessarmos o bem-estar genuíno que vem de estarmos totalmente presentes para aqueles que nos rodeiam e para nós mesmos.

Apenas por essa razão decidimos criar a rede Mind with Heart (Mente com Coração), dedicado a oferecer a nós mesmos e aos jovens o espaço para investigar o que felicidade, empatia, altruísmo e compaixão realmente são.

A atenção plena é um bom ponto de partida. A atenção plena é estar face-a-face, engajado e presente, sem se perder, flutuar ou se afastar. É uma abordagem específica para prestar atenção, que melhora o foco mental, desempenho acadêmico, equilíbrio emocional e desenvolve qualidades humanas, como a bondade.

Uma pesquisa recente, realizada por Patricia Jennings, PhD e Greenberg Mark PhD, mostra que os programas de atenção plena que sustentam a competência sócio-emocional do professor, melhoram o ambiente de sala de aula, a aprendizagem, bem como o desenvolvimento sócio-emocional do aluno. O artigo também analisa a relação entre a competência social e emocional dos professores e o cansaço.

Como somos professores ocupados, não queremos uma coisa a mais para fazer. Mas a atenção plena alivia muito o estresse. Simplesmente observando estado da mente e cultivando uma sensação de presença física, podemos lidar com o que está acontecendo sem acrescentar camadas de complicações. Podemos enfrentar a nossa frustração com nossas classes com alunos de 13 ou 14 anos e entrarmos nas mesmas classes de novo no dia seguinte.

A atenção plena genuína cultiva uma atitude de não-julgamento, tanto com relação a si mesmo quanto com os outros, o que leva à compaixão. Estranhamente, quanto mais nos importamos com os alunos e colegas, mais energizados e alegres nos sentimos com respeito a nós mesmos.

Outra dimensão que a nossa rede Mind with Heart oferece é a oportunidade de explorar a empatia e compaixão com os alunos. “Matemática é uma habilidade muito útil para os alunos, e você pode ensiná-la de uma maneira que aumente a auto-estima; mas aprender a desenvolver a compaixão por si mesmo e pelos outros é tão vital quanto matemática, se não for mais” , diz Steve Cope, um dos co-fundadores do Mind with Heart.

kidmeditandoMuitos professores comentaram que, mesmo com um dos melhores programas vistos até hoje – o Social and Emotional Aspects of Learning (SEAL)  – ensinar empatia ensino na prática era difícil. Os professores acharam que, com a pressão dos exames, não tinham tempo suficiente para aprofundar a sua própria compreensão sobre a empatia. E se compaixão for algo que aprendemos junto com a nossa classe? E se reconhecermos abertamente com nossos alunos os altos e baixos da condição humana, e explorarmos como podemos cultivar atitudes positivas da mente?

Outro educador do Mind with Heart  diz: “Quando você investiga essas habilidades para a vida com adolescentes, você pode se relacionar de uma forma mais humana com a sua classe, sem comprometer a sua experiência e autoridade como professor. Recebemos um feedback imediato da atmosfera da classe; a nossa atitude de abertura e respeito é espelhada de volta para nós por parte dos alunos, criando condições para seu florescimento. “

Vinciane Rycroft é educadora especializada em desenvolvimento sustentável. É co-fundadora do  Mind with Heart e oferece workshops para adolescentes sobre atenção plena e compaixão.

http://equilibrando.me/2013/04/08/nada-e-mais-importante-do-que-ensinar-a-compaixao/

Família familia

Pergunta: Como podemos garantir que nossas vidas em casa fiquem em paz, mesmo quando o mundo lá fora não está?

Thich Nhat Hanh: Em cada casa deve haver uma sala, você pode chamá-la de sala de respiração, sala de meditação ou a ilha de paz. Muitos de nós não tem espaço extra ou um quarto adicional que podemos usar apenas para isso. Nesse caso, até mesmo um pequeno canto de um quarto pode funcionar como uma ilha pacífica. A qualquer tempo os membros da família que não se sentirem seguros, estáveis ou fortes, podem se refugiar nesta ilha de paz. Ela não precisa ser muito grande e não precisa de muitos móveis; apenas algumas almofadas, um sino e uma flor. A flor representa a frescura, beleza e esperança.

Toda vez que estiver perturbado por sua raiva ou frustração, mesmo sendo uma criança, você tem o direito de se refugiar na sala. Qualquer casa civilizada deveria ter um quarto assim. Esse é um território de paz, um lugar para se refugiar na ilha de si mesmo. No momento em que esta “ilha” é estabelecida, você, e outros também, começam a lucrar com isso. Quando você entra nesse quarto, se sente em um território de paz interior.

Se os pais estão brigando e fazendo com que o seu filho sofra, a criança pode querer sair daquele lugar e ir para o canto ou quarto da respiração Ela pode entrar, convidar o sino e praticar a respiração consciente. Ela pode refugiar-se na paz que está lá. E se a criança está praticando assim, os pais podem parar de brigar um com o outro quando ouvirem a campainha e sentirem a necessidade de fazer a criança parar de sofrer. Assim, a prática de uma pessoa pode ajudar o resto da família.

Quando um dos parceiros está irritado com o outro, um deles pode ir para o quarto e praticar a respiração consciente e ouvir o sino para se acalmar. Essa prática vai inspirar o filho e inspirar o casal também. Antes de começar o dia, toda a família pode gastar alguns minutos na sala de respiração olhando um para o outro com atenção plena, felizes e desejando uns aos outros um dia feliz. Você vai ter começado bem o dia por ter se acalmado, olhado para os outros, e reconhecendo os outros como preciosos. Antes de ir dormir, você pode gastar alguns minutos ouvindo o sino e respirando juntos, como uma família.

E cada vez que a família tiver a necessidade de ouvir o outro, você pode usar o lugar para praticar o sentar atentamente e ouvir profundamente o sofrimento da família. Quando o filho se refugia nesse território, o pai não tem mais o direito de persegui-lo e chamá-lo. É algo parecido com imunidade diplomática. Quando você entrar nesse território, ninguém pode repreendê-lo ou fazer-lhe mais perguntas.

Pergunta: Como podemos criar nossos filhos a serem mais conscientes e compassivos? 

Thay: Se os pais praticam a atenção plena e compaixão em suas vidas diárias, os filhos vão aprender naturalmente com eles. Não podemos dizer para uma criança fazer algo se não fizermos nós mesmos. Quando eu ando com atenção plena e respiro conscientemente, meus alunos, seguem-me, caminhando conscientemente e respirando conscientemente. Às vezes, eu devo lembrá-los suavemente, mas é natural que quando vêem um idoso praticando, eles sigam a prática. De tempos em tempos os pais podem discutir plena consciência (mindfulness) e compaixão com os seus filhos, e expressar seu desejo de que seus filhos continuem a viver em plena consciência e com mais compaixão.

Quando você usa fala amorosa, pode regar as boas sementes em seus filhos e inspirá-los a fazer o que você tem feito. Você não tem que puni-los ou culpá-los. Com a linguagem correta e seguindo a sua própria prática, seus filhos vão ver, e eles irão segui-lo.

Pergunta: Minha filha adolescente é ansiosa e facilmente perturbada. O que posso fazer para acalmar suas emoções turbulentas?

Thay: Muitos jovens não conseguem lidar com suas emoções. Eles sofrem muito. O que os pais podem fazer é ensinar a seus filhos que as emoções são como uma tempestade, pois elas vêm, ficam por um tempo, e depois seguem em frente. Se soubermos ser o nosso melhor durante estes momentos, podemos enfrentar as tempestades com mais facilidade. A prática da respiração profunda, respirando com a barriga, pode ajudá-los a lidar com emoções fortes. É bem possível ensinar sua filha a fazer isso.

Quando a vir em crise, você se senta com ela e diz: “Querida, pegue minha mão, vamos praticar inspirando e expirando? Inspirando, seu estômago está crescendo. Você vê o seu estômago subindo Expirando, seu estômago está caindo. Vamos fazer novamente: dentro, fora, subindo, descendo”. Em poucos minutos, ela vai se sentir muito melhor, porque você trouxe a sua atenção e sua estabilidade para apoiá-la. Mais tarde, ela será capaz de fazer isso sozinha.

A prática não é difícil. As crianças e adolescentes podem aprender. Não devemos esperar por fortes tempestades chegar, a fim de iniciar a prática. Esta prática deve ser iniciada imediatamente. Se vocês continuarem a praticar juntos por duas ou três semanas, todos os dias, durante cinco ou dez minutos, a prática da respiração abdominal profunda, sem pensamentos, vai se tornar um hábito. E depois disso, quando a emoção estiver prestes a chegar, a criança vai saber o que fazer. Ela vai ver que ela pode facilmente sobreviver a suas emoções.

O meu filho adolescente e eu discutimos o tempo todo. Como posso parar essas lutas?

Thay: A primeira coisa que você pode fazer é olhar para si mesmo, para ver se você tem bastante energia de calma para ajudar a acalmá-lo quando ele está em sua presença. O problema pode não estar apenas com o filho, mas também dentro do pai. Se o pai não é pacífico, isso pode desencadear emoções negativas no filho, especialmente se houver sementes negativas plantadas nele.

No passado pode ter havido momentos em que você ficou irritado e reagiu a partir de um estado de irritação, e isso depositou essas sementes nele. Você tem que desfazer isso no momento presente. Ser amoroso e calmo e ter a capacidade de ouvir pode absorver uma grande quantidade de sofrimento. Se você puder estabelecer uma conversa para falar sobre as dificuldades dele, praticando escuta compassiva e profunda, isto irá ajudar a remover os tipos de energias que o estão fazendo sofrer. Se você tiver bondade amorosa e a energia da paz em você, mesmo sem falar, você pode influenciar uma outra pessoa e ele ou ela vai se sentir melhor só de estar com você.

Pergunta: Algumas pessoas dizem que as mães que trabalham fora de casa, não cuidam bem de seus filhos. Mas e se uma mulher fica em casa e ainda não presta muita atenção nos seus filhos? Como podemos ser pais enquanto ainda estamos fazendo outras coisas em nossa vida que requerem atenção?

Thay: Não deve haver qualquer simplificação do problema, podemos fazer as duas coisas. Se você consegue fornecer a seu filho carinho e atenção suficientes, é claro que você pode ir trabalhar. Carinho é fundamental para a comunicação e compreensão. Afeto traz amor, e o amor traz o mais profundo entendimento e entendimento mais profundo traz mais amor. Muitos pais precisam trabalhar fora de casa por razões financeiras. Muitos também gostam de trabalhar. Mas ficar em casa, cuidando dos filhos e da casa, e ser um paraíso refrescante e curativo para outras pessoas da família, também é um trabalho muito importante.

Não devemos avaliar o valor do nosso eu ou do nosso trabalho em termos de salário apenas. Nós todos temos que aprender a ser de tal forma que possamos trazer solidez, confiança, fé e alegria. Se uma mãe que fica em casa não é capaz de trazer essa qualidade ao ambiente, então ficar em casa não é uma coisa positiva. A mãe que sai para trabalhar e que chega em casa ainda refrescada, amorosa e sorridente, sabe como preservar a sua qualidade de ser. O valor da ação depende muito do valor da não-ação, ou seja, a qualidade do nosso ser.

(Do livro de Thich Nhat Hanh – “Answers from the heart” – Tradução Leonardo Dobbin)

http://sangavirtual.blogspot.com.br/


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A ciência da compaixão: “Ensinando meditação as crianças, acabamos com a violência no mundo.”

Comentarios:

comments

  • Roberto Villaça

    Acho que o texto é de extrema importância para educadores e certamente contribuirá para melhorar minha atuação como professor e pesquisador

  • Marinha Fernandes

    Que diferente seria a humanidade se todos praticássemos estas dicas.

  • Denia Cabral Resende

    Quero aprender mais e mais para criar um cidadao consciente e humanizado.