Os elementos do amor genuíno. | Thich Nhat Hanh on True Love

Neste pequeno trecho de uma palestra do mestre Thich Nhat Hanh na Universidade de Stanford, ele fala de uma forma simples, lúcida e linda sobre os quatro elementos do amor genuíno: bondade amorosa, compaixão, alegria e da equanimidade (ou não discriminação ou inclusividade). E que para entender realmente a compaixão, você precisa também entender esses outros três elementos do amor genuíno. Ative a legenda clicando no quadradinho no canto inferior direito do vídeo.

“O primeiro elemento do Amor Genuíno é a Bondade Amorosa, Maitri (em Sânscrito). Tem o poder de oferecer felicidade. Se o amor não puder oferecer felicidade, então não é amor de verdade. O amor genuíno oferece felicidade a si mesmo, a ele, a ela, a todos os outros. Não é a vontade de oferecer felicidade, porque se uma pessoa não entende a outra, quanto mais tenta fazê-la feliz, mais a faz sofrer. Então é preciso entender o sofrimento e a necessidade dele ou dela antes que você possa praticar a bondade amorosa. (…) Precisamos entender a outra pessoa para fazê-la realmente feliz. E é por isso que compreensão é a outra palavra para Amor, para a Compaixão. (…) E compreensão precisa de tempo, para poder observar, para observar profundamente.”

”Um dia o Buda estava segurando uma tigela de água com a sua mão esquerda e com a mão direita um punhado de sal. Ele jogou o sal na água e misturou, então perguntou aos monges: “Meus queridos amigos, vocês acham que eu posso beber essa água? Está tão salgada. Mas se você jogar essa água em um grande rio, ela não vai fazer a água do rio ficar salgada de forma alguma, e milhares de pessoas vão continuar a beber a água do rio. O mesmo acontece com alguém com um grande coração, um coração bom e cheio de compaixão, ele não sofre mais. As coisas que fazem as outras pessoas sofrerem não o faz sofrer. É como um punhado de sal, que pode salgar uma tigela de água, mas que não é capaz de fazer o grande rio sofrer, de maneira alguma.” Os quatro elementos do amor genuíno são ilimitados, porque amar dessa maneira vai fazer com que um dia você inclua todos os seres em seu coração. Você não ama somente humanos, mas animais, plantas e minerais. Os minerais também estão vivos e os minerais também podem sofrer. E esse é o amor que é recomendado pelo Buda, o amor sem fronteiras, sem discriminação, e o quarto elemento do amor genuíno é a inclusividade. Sem discriminação, de qualquer forma, preto ou branco, norte ou sul, rico ou pobre, todos estão ao alcance do seu amor.”

 

Thich Nhat Hanh é um dos mais conhecidos e respeitados mestres Zen no mundo de hoje, poeta e militante da paz e dos direitos humanos, Thich Nhat Hanh (chamado de Thây por seus alunos) tem levado uma vida extraordinária. Nascido no Vietnã central em 1926, aos dezesseis anos entrou para a vida monástica. Desde então sua vida tem sido dedicada ao trabalho de transformação interior em benefício dos indivíduos e da sociedade. Poeta e ativista pela paz, trabalhou em sua juventude para que o budismo vivesse em harmonia, reconciliação e fraternidade com a sociedade vietnamita. Durante a guerra no Vietnam renunciou ao isolamento monástico para ajudar ativamente o seu povo e, desde então, tem sempre dado a prática religiosa um empenho social e político pela paz.

Quando ainda no Vietnã, exerceu o principal papel no “budismo engajado” – renovação religiosa da qual foram gerados inúmeros projetos, combinando ajuda às vítimas e oposição não violenta à guerra. Seu trabalho deu origem à Escola de Juventude para Serviços Sociais no Vietnã e à Universidade Van Hanh. ‘Budismo engajado”, como era conhecido esse movimento, segundo palavras do próprio Thich Nhat Hanh, “é um termo redundante, já que budismo significa estar consciente, estar desperto para o que está acontecendo no seu próprio corpo, sentimentos e mente, como também no mundo que o cerca. Se você está desperto, não pode agir de outra forma senão compassivamente para aliviar o sofrimento que vê ao redor.

O budismo é, portanto, implicitamente engajado. Se não é engajado, não é budismo”.

É autor de numerosas obras (mais de 75 livros), todas em estilo simples e profundamente perceptivo, características fundamentais de um mestre zen.

Procura mostrar o que é a meditação dirigida à compreensão. Para ele, compreender não é obra do pensamento que reflete, e sim da contemplação consciente que percebe e intui. Com seu estilo simples, profundo e compassivo, Nhat Hanh utiliza elementos da psicologia budista, da epistemologia e da fisica contemporânea, servindo-se de muitas historietas para acompanhar o leitor em sua Jornada da atenção consciente para o insight.

A transcrição da fala do vídeo foi feita por Marcos Bauch, tradução e revisão por Marcos Bauch e Luís Oliveira


Confira também outros mestres budistas, falando sobre o amor genuíno, clicando aqui. 

Bondade Amorosa, ou maitri em sânscrito, significa uma aspiração sincera de que o outro (e você mesmo) possa experimentar a felicidade e as causas que levam à felicidade. Clicando aqui você acessa uma meditação da bondade amorosa. 

O importante em cultivar a bondade amorosa e a compaixão é permitir-se vivenciar sentimentos genuínos de afeto, carinho ou afeição.. Confira clicando aqui um trecho do livro ”A Alegria de Viver – Descobrindo o segredo da felicidade”, de Mingyur Rinpoche sobre o tema.

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