AFLIÇÕES MENTAIS | Mingyur Rinpoche

“No fim das contas, a felicidade se limita à escolha entre o incômodo de se tornar consciente das aflições mentais e o desconforto de ser guiado por elas “

Yongei Mingyur Rinpoche

Os fatores condicionantes são muitas vezes descritos em termos budistas como “aflições mentais”; algumas vezes, como “venenos”. Apesar de os textos da psicologia budista analisarem uma ampla variedade de fatores condicionantes, todos concordam com a identificação de três aflições primárias que formam a base de todos os outros fatores que inibem nossa capacidade de ver as coisas como elas realmente são: ignorância, apego e aversão.

Ignorância

A ignorância é a incapacidade fundamental de reconhecer o potencial, a clareza e o poder infinitos de nossas próprias mentes, como se estivéssemos olhando para o mundo através de lentes coloridas: tudo o que vemos é mascarado ou distorcido pelas cores das lentes. No nível mais essencial, a ignorância distorce a experiência basicamente aberta da consciência, formando a ilusão das distinções dualistas entre categorias inerentemente existentes de “eu” e “outro”.

A ignorância é, assim, um problema de duas faces. Assim que formamos o hábito neuronal de nos identificar com um “eu” único e independentemente existente, é inevitável que comecemos a ver tudo o que não é “eu” como “outro”. O “outro” pode ser qualquer coisa: uma mesa, uma banana, outra pessoa ou até algo que esse “eu” esteja pensando ou sentindo. Tudo o que vivenciamos se torna, em certo sentido, um estranho. E, à medida que nos acostumamos a distinguir entre “eu” e “outro”, prendemo-nos a um modo dualista de percepção, traçando fronteiras conceituais entre nosso “eu” e o resto do mundo “lá fora”, um mundo que parece tão vasto que quase não podemos evitar nos considerar muito pequenos, limitados e vulneráveis. Começamos a olhar para as outras pessoas, objetos materiais e assim por diante como fontes potenciais de felicidade e infelicidade, e a vida se transforma em uma luta para conseguir aquilo de que precisamos para sermos felizes antes que outra pessoa o pegue.

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  Essa luta é conhecida em sânscrito como samsara, que significa literalmente  “roda” ou “círculo”. O samsara se refere à roda ou ao círculo da infelicidade,  um hábito de correr em círculos, perseguindo as mesmas experiências várias e  várias vezes, a cada vez esperando um resultado diferente. Se você já viu um  cão ou um gato perseguindo o próprio rabo, já testemunhou a essência do  samsara. E, apesar de poder ser divertido ver um animal perseguir o rabo, não  é tão divertido quando sua própria mente faz a mesma coisa.

  O oposto do samsara é o nirvana, termo que é quase tão mal entendido quanto  vacuidade. Uma palavra sânscrita aproximadamente traduzida como  “extinguir” ou “apagar” (como apagamos a chama de uma vela), o nirvana é  muitas vezes interpretado como um estado de absoluta felicidade, surgindo da “extinção” do ego ou da idéia de “eu”. Essa interpretação é precisa até certo ponto, com a exceção de que não leva em consideração que a maioria de nós vive como seres incorporados cuidando de nossas vidas no mundo relativamente real das distinções morais, éticas, legais e físicas.

Tentar viver neste mundo sem considerar suas distinções relativas seria tão tolo e difícil quanto tentar evitar as conseqüências de ter nascido destro ou canhoto. O que isso quer dizer? Uma interpretação mais precisa do nirvana é a adoção de uma perspectiva ampla que admita todas as experiências, agradáveis ou dolorosas, como aspectos da consciência. Naturalmente, a maioria das pessoas preferiria vivenciar só as “notas altas” da felicidade. Mas, como um aluno meu recentemente observou, eliminar as “notas baixas” de uma sinfonia de Beethoven — ou de qualquer música moderna — resultaria em uma experiência grosseira e reduzida.

O samsara e o nirvana podem ser talvez mais bem entendidos como pontos de vista. O samsara é um ponto de vista baseado principalmente na definição e na identificação de experiências como dolorosas ou desagradáveis. O nirvana é um estado de espírito fundamentalmente objetivo: a aceitação sem julgamentos de uma experiência, que nos abre o potencial para enxergar soluções que podem não estar diretamente ligadas à nossa sobrevivência como indivíduos, mas sim à sobrevivência de todos os seres sencientes.
Isso nos leva à segunda das três aflições mentais primárias.

Apego

A percepção de “eu” como algo separado dos “outros” é, como já discutido, um mecanismo essencialmente biológico — um padrão estabelecido de tagarelice neuronal que sinaliza a outras partes do sistema nervoso que cada um de nós é uma criatura distinta e independentemente existente que precisa de certos fatores para perpetuar sua existência. Com vivemos em corpos físicos, algumas dessas coisas das quais precisamos, como oxigênio, comida e água, são realmente indispensáveis. Além disso, estudos sobre a sobrevivência de bebês, sobre os quais as pessoas me falaram, têm mostrado que a sobrevivência requer certo nível de cuidados físicos. Precisamos ser tocados, precisamos que falem conosco, precisamos que o simples fato de nossa existência seja reconhecido.

  Os problemas começam, entretanto, quando generalizamos  biologicamente os fatores essenciais para áreas que não têm  nada a ver com a sobrevivência básica. Em termos budistas,  essa generalização é conhecida como “apego” ou “desejo” —  que, a exemplo da ignorância, pode ser vista em termos  puramente neurológicos.

 Quando vivenciamos algo como o chocolate, por exemplo,  como agradável, estabelecemos uma conexão neuronal que  vincula o chocolate à sensação física de prazer. Isso não  significa que o chocolate em si seja algo bom ou ruim. Há diversas substâncias químicas no chocolate que geram uma sensação física de prazer. É o nosso apego neuronal ao chocolate que cria problemas.

De muitas formas, o apego é comparável a um vício, uma dependência compulsiva de objetos externos ou de experiências para criar uma ilusão de completude. Infelizmente, como outros vícios, o apego se intensifica com o tempo. Qualquer satisfação que possamos vivenciar quando conseguimos algo ou alguém que desejamos não é duradoura. Qualquer coisa ou pessoa que nos faça feliz hoje, neste mês ou neste ano é obrigada a mudar. A mudança é a única constante da realidade relativa.

O Buda comparava o apego a beber água salgada de um oceano. Quanto mais bebemos, mais sede temos. Da mesma forma, quando nossa mente está condicionada pelo apego, nunca vivenciamos o verdadeiro contentamento, independentemente do que tivermos ou possuirmos. Perdemos a capacidade de distinguir entre a pura experiência da felicidade e quaisquer objetos que temporariamente nos fazem felizes. Como resultado, não só nos tornamos dependentes do objeto, mas também reforçamos os padrões neuronais que nos condicionam a contar com uma fonte externa que nos proporcione a felicidade.

Você pode substituir o chocolate por qualquer outro objeto. Para algumas pessoas, os relacionamentos são a chave para a felicidade. Quando vêem alguém que consideram atraente, elas tentam de todas as formas abordar essa pessoa. Mas, se finalmente conseguem se envolver com essa pessoa, o relacionamento acaba não sendo tão satisfatório quanto elas haviam imaginado. Por quê? Porque, na verdade, o objeto de seu apego não é uma coisa externa. É uma história elaborada no cérebro, pelos neurônios; e essa história se desenrola em vários níveis diferentes, variando do que as pessoas acham que podem ganhar ao obter o que desejam ao que elas temem se não conseguirem obtê-lo.

Outras pessoas acham que seriam verdadeiramente felizes se vivenciassem algum golpe extremo de sorte, como ganhar na loteria. Contudo, um estudo interessante de Philip Brinkman,2 relatado por um dos meus alunos, demonstra que as pessoas que recentemente ganharam na loteria não eram muito mais felizes do que um grupo de controle que não vivenciou a emoção de enriquecer da noite para o dia. Na verdade, depois que a emoção inicial passou, as pessoas que ganharam na loteria relataram sentir menos satisfação nos prazeres cotidianos, como conversar com amigos, receber elogios ou simplesmente ler uma revista, em relação às pessoas que não vivenciaram uma mudança tão drástica.

O estudo me fez lembrar de uma história que ouvi há pouco tempo sobre um homem idoso que comprou um bilhete de loteria com um prêmio acima de cem milhões de dólares. Pouco tempo depois de comprar o bilhete, ele desenvolveu um problema cardíaco e foi enviado ao hospital sob os cuidados de um médico que recomendou completo repouso na cama e proibiu em absoluto tudo o que pudesse causar emoções desnecessárias. Enquanto o homem estava no hospital, seu bilhete foi premiado. É claro que, como estava internado, ele não ficou sabendo de sua sorte, mas seus filhos e sua esposa descobriram e foram ao hospital contar a novidade ao homem.

Lá, eles encontraram o médico e lhe contaram a boa sorte do homem. Assim que concluíram o relato, o médico implorou para que eles não dissessem nada naquele momento. “Ele pode ficar tão emocionado”, o médico explicou, “que poderia morrer em função da sobrecarga de seu coração”. A esposa e os filhos do homem argumentaram com o médico, acreditando que as boas notícias ajudariam a melhorar sua condição. Mas, ao final, eles concordaram em deixar que o médico desse a notícia, com a devida cautela, para não provocar emoções fortes demais no homem.

Enquanto a esposa e os filhos do homem esperavam na recepção, o médico entrou no quarto de seu paciente. Ele começou fazendo todo tipo de perguntas ao homem sobre seus sintomas, como ele estava se sentindo e assim por diante e, depois de algum tempo, casualmente perguntou: “Você já comprou um bilhete de loteria?”

O homem respondeu que, de fato, havia comprado um bilhete pouco antes de ser internado. “Se você ganhasse na loteria”, o médico perguntou, “como você se sentiria?”

“Bem, seria bom se eu ganhasse. Mas, caso contrário, também seria bom. Estou velho e não vou viver muito mais. Não faz muita diferença se eu ganhar ou não.”

“Não é possível que você se sentisse assim”, o médico disse, como se estivesse falando só teoricamente. “Se ganhasse, você ficaria muito empolgado, não?”

Mas o velho respondeu: “Nem tanto. Na verdade, eu ficaria contente em lhe dar metade do prêmio se você encontrasse uma maneira de me fazer sentir melhor.”

O médico riu. “Nem pense nisso”, ele disse. “Eu só estava perguntando.”

Mas o paciente insistiu: “Não, é verdade. Se eu ganhasse na loteria, de fato lhe daria metade do prêmio se você me fizesse sentir melhor.”
O médico riu novamente. “Por que você não escreve uma carta”, ele brincou, “dizendo que me daria a metade?”

“Claro, por que não?” O homem concordou, pegando um bloco de notas do criado-mudo. Lentamente, devido à fraqueza que sentia, ele escreveu uma carta concordando em dar ao médico metade do prêmio que ganhasse na loteria, assinou a carta e a entregou ao médico. Quando o médico olhou para a carta e para a assinatura, ficou tão empolgado com a idéia de ganhar tanto dinheiro que caiu morto na hora.

Assim que o médico caiu, o homem começou a gritar. Ouvindo o barulho, a esposa e os filhos do homem temeram que o médico estivesse certo e que as notícias de fato haviam sido tão empolgantes que o homem tivesse morrido, devido à sobrecarga no coração. Eles correram para o quarto, para encontrar o homem sentado na cama e o médico caído no chão. Enquanto as enfermeiras e outros médicos se apressavam para tentar reanimar o médico, a família do velho tranqüilamente lhe contou que ele ganhara na loteria. Para a sua surpresa, ele não pareceu nem um pouco emocionado ao saber que tinha acabado de ganhar milhões de dólares e a notícia não lhe causou nenhum dano. Com efeito, depois de algumas semanas, sua condição melhorou e ele foi liberado do hospital. Ele, sem dúvida, ficou satisfeito em poder desfrutar de sua nova fortuna, mas não tinha nenhum apego a ela. O médico, por outro lado, ficou tão apegado à idéia de ter tanto dinheiro e sua emoção foi tão intensa que seu coração não conseguiu suportar o esforço e ele morreu.

Aversão

Cada forte apego gera um medo igualmente poderoso de não conseguirmos o que queremos ou de perdermos tudo o que já conseguimos. Esse medo, na linguagem do budismo, é conhecido como aversão: uma resistência às mudanças inevitáveis que ocorrem como uma conseqüência da natureza impermanente da realidade relativa.

A noção de um “eu” duradouro e independentemente existente nos impele a despender enorme esforço para resistir à inevitabilidade da mudança, certificando-nos de que esse “eu” se manterá seguro e protegido. Quando atingimos uma condição que nos faz sentir completos e inteiros, queremos que tudo permaneça exatamente como está. Quanto mais profundo é nosso apego a qualquer coisa que nos fornece esse senso de completude, maior é nosso medo de perdê-lo e mais brutal é nossa dor se o perdermos.

De várias maneiras, a aversão é uma profecia que se auto-realíza, compelindo-nos a agir de formas que praticamente garantem o fracasso de todos os nossos esforços de obter o que achamos que nos trará paz, estabilidade e contentamento duradouros. Pare por um momento e pense em como você age perto de alguém por quem sente grande atração. Você se comporta como a pessoa tranqüila, sofisticada e confiante que gostaria que a outra pessoa visse ou subitamente se transforma em um tolo que mal consegue articular as palavras? Se essa pessoa conversar e rir com alguém, você se sente magoado ou com ciúmes e revela esses sentimentos de forma discreta ou óbvia? Você se torna tão apegado à outra pessoa a ponto de ela sentir seu desespero e começar a evitá-lo?

A aversão reforça os padrões neuronais que geram uma imagem mental de si mesmo como alguém limitado, fraco e incompleto. Como tudo o que pode minar a independência desse “eu” mentalmente construído é percebido como uma ameaça, você, de forma inconsciente, gasta uma enorme quantidade de energia à procura de perigos potenciais. A adrenalina invade seu corpo, seu coração acelera, seus músculos se contraem e seus pulmões bombeiam ar loucamente. Todas essas sensações são sintomas de estresse, que, como ouvi de vários cientistas, pode causar uma ampla variedade de problemas, incluindo depressão, transtornos do sono, problemas digestivos, alergias, disfunções renais e da tireóide, pressão alta e até colesterol alto.

Em um nível puramente emocional, a aversão tende a se manifestar como raiva e até mesmo ódio. Em vez de reconhecer que qualquer infelicidade que você esteja sentindo se baseia em uma imagem mentalmente construída, você considera “natural” responsabilizar outras pessoas, objetos externos ou situações pela sua dor. Quando as pessoas agem de formas que aparentemente o impedem de obter o que deseja, você começa a pensar nelas como não-confiáveis ou más, e fará de tudo para evitá-las ou revidar. Nas garras da raiva, você vê a todos e a tudo como inimigos. Como resultado, seus universos interno e externo ficam cada vez menores. Você perde a fé em si mesmo e reforça os padrões neuronais específicos que geram sentimentos de medo e vulnerabilidade.

AFLIÇÃO OU OPORTUNIDADE?

É fácil pensar em aflições mentais como falhas de caráter. Entretanto, isso seria uma desvalorização de nós mesmos. Nossa capacidade de sentir emoções, de distinguir entre a dor e o prazer e de vivenciar intuições tem exercido e continua a exercer uma função de sobrevivência fundamental, permitindo que nos adaptemos quase instantaneamente a mudanças sutis no mundo que nos cerca e que formulemos essas adaptações de forma consciente, para que possamos nos recordar delas quando quisermos e transmiti-las para as gerações posteriores.

Essa sensibilidade extraordinária reforça uma das lições mais básicas ensinadas pelo Buda, que foi pensar no quanto esta vida humana é preciosa, com todas as suas liberdades e oportunidades, em como é difícil obter esta vida e em como é fácil perdê-la.

Não importa se você acredita que a vida humana é um acidente cósmico, uma lição cármica ou o fruto do trabalho de um Criador divino. Se você parar e pensar na ampla variedade e número de criaturas que compartilham o planeta conosco, em comparação com a relativamente pequena porcentagem de seres humanos, chegará à conclusão de que as chances de nascer como um ser humano são extremamente pequenas. E, ao demonstrar a extraordinária complexidade e sensibilidade do cérebro humano, a ciência moderna nos lembra da sorte que tivemos ao nascermos humanos, com toda a capacidade tão humana de sentir e pressentir os sentimentos dos que vivem a nosso redor.

Do ponto de vista budista, a natureza automática das tendências emocionais humanas representa um desafio interessante. Não é necessário ter um microscópio para observar os hábitos psicológicos; a maioria das pessoas não precisa procurar além de seu último relacionamento. Elas começam pensando: “Desta vez será diferente.” Algumas semanas, meses ou anos mais tarde, elas batem a mão na cabeça, pensando: “Ah, não! Este é exatamente o mesmo tipo de relacionamento no qual eu estava envolvido antes.” Ou você pode olhar para a sua vida profissional. Você começa em um novo emprego pensando: “Dessa vez não vou ficar trabalhando até mais tarde só para ser criticado por não fazer o suficiente.” Contudo, depois três ou quatro meses no emprego, você começa a cancelar compromissos pessoais, liga para os amigos e diz: “Não vou conseguir chegar a tempo para o jantar esta noite. Tenho muito trabalho a fazer.”

Apesar de suas melhores intenções, você se pega repetindo os mesmos padrões e, ao mesmo tempo, esperando um resultado diferente. Muitas das pessoas com as quais trabalhei ao longo dos anos me contaram sobre como sonhavam em terminar logo a semana para poder desfrutar do fim de semana. Mas, quando o fim de semana terminava, elas voltavam para o trabalho por mais uma semana, sonhando com o fim de semana seguinte. Ou elas me falavam de como haviam investido tempo e esforço para concluir um projeto, mas nunca se permitiram vivenciar qualquer senso de realização porque logo tinham de começar a trabalhar na próxima tarefa de suas listas. Mesmo quando estão relaxando, elas dizem que permanecem preocupadas com algo que aconteceu na semana anterior, no mês anterior ou até no ano anterior, relembrando as cenas várias e várias vezes em suas cabeças, tentando entender o que poderiam ter feito para que o resultado fosse mais satisfatório.

Felizmente, quanto mais acostumados estamos com o exame de nossas mentes, mais próximos ficamos de encontrar uma solução para qualquer problema que possa estar nos afligindo e mais facilmente reconhecemos que o que vivenciamos — apego, aversão, estresse, ansiedade, medo ou desejo — é simplesmente uma invenção de nossas mentes.

As pessoas que investiram um esforço honesto em explorar sua riqueza interior naturalmente tendem a desenvolver algum tipo de fama, respeito e credibilidade, independentemente de suas circunstâncias externas. A forma como elas se comportam em todo tipo de situação inspira nos outros um profundo senso de respeito, admiração e confiança. Seu sucesso no mundo nada tem a ver com a ambição pessoal ou uma necessidade de chamar a atenção. Ele não é conseqüência de ter um bom carro ou uma bela casa ou de ter um cargo importante. Em vez disso, o sucesso provém de um amplo e relaxado estado de bem-estar, que lhes permite enxergar as pessoas e as situações de modo mais claro, e também manter um senso básico de felicidade, independentemente de suas circunstâncias pessoais.

Na verdade, muitas vezes ouvimos falar de pessoas ricas, famosas e influentes que um dia são forçadas a reconhecer que suas realizações não lhes proporcionaram a felicidade esperada. Apesar de toda sua fortuna e poder, elas
nadam em um oceano de dor, que, algumas vezes, é tão profundo que o suicídio parece ser a única escapatória. Essa dor intensa resulta da crença de que os objetos ou as situações têm o poder de criar uma felicidade duradoura.

Se realmente você quiser descobrir um senso duradouro de paz e contentamento, precisa aprender a repousar sua mente. Só pelo repouso da mente, suas qualidades inatas podem ser reveladas. A forma mais simples de limpar a água obscurecida pela lama e outros sedimentos é permitir que a água se acalme. Da mesma forma, se você permitir que a mente repouse, a ignorância, o apego, a aversão e outras aflições mentais gradativamente se estabilizarão e a compaixão, a clareza e a expansão infinita da natureza real de sua mente se revelarão.

Trecho do livro ”A Alegria de Viver – Descobrindo o Segredo da Felicidade” de Mingyur Rinpoche


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Yongey Mingyur Rinpoche (Nepal, 1975 ~ ) é atualmente um dos mais respeitados mestres de meditação do budismo tibetano. Além de um eminente lama da linhagem Karma Kagyu, como filho de Tulku Urgyen Rinpoche, é descendente do terton Chokgyur Lingpa (linhagem Nyingma).

Seus principais mestres foram Tulku Urgyen Rinpoche, Saljey Rinpoche, Nyoshul Khen Rinpoche e Tai Situ Rinpoche.

Também é conhecido pelo interesse ativo em neurociência e psicologia, sendo um dos mestres budistas que faz a ponte entre a meditação clássica e a ciência moderna.

Em junho de 2011, em Bodhgaya (Índia), Mingyur Rinpoche começou um retiro solitário no estilo dos antigos iogues andarilhos renunciantes da Índia e Tibete, que meditavam em cavernas e locais sagrados, alternando de um lugar para outro, levando o mínimo de pertences.

Links

Livro em português

Material em inglês

Comentarios:

comments

  • Elaine Brandao

    Reverendo: Gostaria de obter o endereço da loja de vcs aqui no Rio de Janeiro capital. Mt obrigada! Elaine Brandão

  • Josué Silva de Araújo

    Texto bastante esclarecedor, nos direcionando muito bem para atacarmos as causas de nossas dificuldades. Sim, precisamos primeiramente fazer a limpeza interna, em nós mesmos, para enxergarmos com a devida clareza, não apenas nós, como os outros seres.

  • Marcos Oliveira

    Texto simplemente fantástico… A lógica do pensamento budista é sem igual!

  • heloisa pegorelli

    Obrigada por ter enviado Cordialmente Heloísa

    Date: Mon, 21 Oct 2013 03:16:29 +0000 To: heloisapegorelli@hotmail.com

  • GOSTO MUITO DOS ENSINAMENTOS DE VOCES. OBRIGADA.

  • Só com o descanso da mente, poderemos atingir a felicidade completa.

  • Preciso também ser reflexiva para as coisas que realmente tem importancia.

  • É necessário saber sempre mais sobre nós mesmos, estão nesse texto, todos os motivos que me tornam uma pessoa cheia de tensões. Agradeço pelas palavras e questionamentos que envolvem a composição dessa obra e a relevante filosofia Budista, que ao mencionar os problemas da nossa mente, estabelece aos que encontram caminhos para suas aflições diárias, uma tentativa de se reeducar e mais, tentativa de sobreviver nesse mundo.

  • Ernesto Sebastião

    O fluir do nosso pensamento precisa duma mente mais calma que permita equilibrar todo o nosso ser …. Obrigado pelas mensagens profundas …

  • Agradeço pelas orientações. Fico profundamente feliz de receber esses ensinamentos.
    São muito parecidos com a da Brenda Shoshanna.
    Suas orientações enriquecem minha alma de reflexão, reforça o meu equilíbrio, me reanima a continuar a faxina interna, algo que eu achava que já havia superado.
    Continue sempre iluminado!!!
    Bjs de luz!!!

  • INFELIZMENTE O MUNDO ESTÁ CAÓTICO DEVIDO ESTAS AFLIÇÕES MENTAIS. DE FATO PRECISAMOS TREINAR NOSSAS MENTES. EXCELENTE TEXTO.

  • ana maria

    Excelente texto, agora preciso aprender como treinar a mente.

  • Muito bom! Gosto muito dos textos, trazem muita sabedoria! Parabéns pelo excelente trabalho.

  • Maria Fernanda Simões

    Um bom instrumento para melhorar a forma de pensar e estar na vida. Viver o aqui e o agora é o segredo da felicidade. Meditar para acalmar a mente e descobrir a beleza que existe dentro de nós. Obrigada, ajuda muito este texto.

  • MUITO BOM