Controlando a mente do macaco Yongey Mingyur Rinpoche

Via The Hindu | Tradução Luis Fernando Machado

Yongey Mingyur Rinpoche trabalhou durante anos na conexão entre meditação e vidas humanas com instituições como a Universidade de Wisconsin, a pedido do Dalai Lama, cujos resultados foram publicados na National Geographic e na revista Time. Com estudos de acompanhamento realizados na Universidade de Harvard, MIT, e outros importantes centros de pesquisa, Mingyur está convencido de que a prática de técnicas de mediação compactas podem dar a todos uma clareza absoluta de espírito, algo que artistas necessitam bastante.

Aqui ele fala sobre técnicas de meditação diárias simples especialmente benéficas para artistas e similares.

 

De acordo com você qual é a definição de meditação?

A definição de meditação é a consciência plena, é a continuação da consciência. Reconhecer sua própria consciência e estar com ela de forma contínua; essa é a essência da meditação.

O que se alcança através da meditação? Por favor, conte-nos sobre a “mente de macaco” e como controlá-la.

A partir da meditação básica em geral, nossa mente se torna mais maleável e trabalhável. Normalmente a nossa mente não é livre, não queremos ficar com raiva mas ficamos com raiva, não queremos nos preocupar mas a preocupação vem, não queremos ficar chateados mas isso acontece. Mas através da meditação nós tornamos nossa mente mais acessível.

A mente que não pode ser livre está sempre criando problemas, o que chamamos de “mente do macaco”. Um exemplo de “mente do macaco”: Eu não quero comprar sapatos, eu já tenho sapatos suficientes, mas quando vejo a loja de sapatos, eu compro. Apenas brigar com a mente não funciona. Você luta com a “mente do macaco” e, em seguida, ela se torna seu inimigo. Mas se você ouvir a “mente do macaco”, sua casa ficará cheia de sapatos!

Já na meditação o que fazemos é nos tornarmos amigos da “mente do macaco”. A “mente do macaco” é sempre inquieta, quer fazer alguma coisa, sempre quer ter trabalho. Você pode dar trabalho para a “mente do macaco”. Normalmente é ela quem dá um trabalho para você, esse é o problema. Agora você pode dar trabalho para a “mente do macaco”! Agora você pode se tornar o chefe e ser mais livre e a “mente do macaco” se torna o empregado. Mas o trabalho é a meditação!

Você vai dizer: ei! “mente do macaco” observe a respiração e ela vai dizer: oh sim, e ficar ciente do trabalho. Não dê a “mente do macaco” emprego de tempo integral, apenas de tempo parcial, porque ela não tem o hábito de trabalhar o tempo inteiro para você. Eventualmente, a “mente do macaco” vai trabalhar em tempo integral. Assim, sua mente vai desenvolver paz, clareza, consciência plena e assim por diante … Esse é o resultado da meditação.

Conte-nos sobre a meditação através da música

Falando sobre som ou música deixe sua mente estar em sincronia com os seus ouvidos. Abra seus ouvidos e deixe o som vir até você. Apenas ouça e esteja presente com o som. Essa é a meditação ao aplicar a consciência do som. Esteja presente enquanto ouve a música. Às vezes nós ouvimos música mas a mente divaga, pulando e fazendo muitos comentários. Agora, quando você sabe que pode estar no presente, então um senso de qualidade sem julgamento ou uma sensação de liberdade faz você se conectar mais com a música.

É preciso ser religioso ou espiritual para meditar?

Não há necessidade de ser tornar religioso para meditar. Espiritualidade depende do conceito de algo interior e maior. Então, quando você medita, você automaticamente se torna espiritual. A meditação é uma prática espiritual. Pertencer a qualquer religião não tem nenhuma conexão com meditação.

Como a meditação é útil para os profissionais de artes cênicas?

Além da técnica de música que eu já mencionei, eu aconselharia os dançarinos a estar presentes no que estão fazendo quando criam arte. Eles têm que treinar a mente para estar totalmente presente e deixar a criatividade vir a eles. Se a mente não estiver no presente, você vai saltar aqui e ali no palco mas a alma vai estar ausente.

Para os músicos também, eles tem que acreditar que não há passado nem futuro. Se você estiver no presente, a criatividade pura vai começar a fluir, caso contrário, isso se tornaria um emprego e o artista um mero artesão em vez um criador de arte atemporal.


Yongey Mingyur Rinpoche (12)Yongey Mingyur Rinpoche é uma estrela em ascensão entre a nova geração de mestres budistas tibetanos.  Sua rara capacidade de apresentar a milenar sabedoria tibetana de uma maneira inovadora, envolvente e profunda, aliada a seu contagiante bom humor, transformaram Mingyur Rinpoche num mestre querido e admirado por pessoas do mundo todo.  Seu 1º livro, A Alegria de Viver – Descobrindo o Segredo da Felicidade estreou na lista dos mais vendidos do prestigiado jornal New York Times e foi traduzido para mais de vinte idiomas.

Em junho de 2011, Mingyur Rinpoche deixou seu monástério em Bodhgaya, Índia, para iniciar um prolongado período de retiro solitário que durou mais de quatro anos.  Seguindo uma tradição antiga dos yogis andarilhos, não mais comum nos dias atuais, Rinpoche peregrinou de lugar em lugar entre Índia e Nepal, permanecendo em cavernas remotas e locais sagrados, sem planos ou agenda fixa; apenas com o compromisso inabalável com o caminho do despertar.  

Mingyur Rinpoche regressou de seu retiro  em novembro de 2015 e atualmente está em turnê mundial divulgando seus ensinamentos e compartilhando suas recentes experiências com seus alunos ao redor do mundo.  

Na última semana de julho de 2016, Mingyur retornará ao Brasil pela terceira vez para palestras e ensinamentos sobre meditação e como ser mais feliz em nossa vida quotidiana.  Nesta oportunidade, ele também lançará (Rio de Janeiro e São Paulo) a edição brasileira de seu 2º livro: Alegre Sabedoria – Abraçando a Mudança e Encontrando Liberdade. Trata-se de uma oportunidade única e imperdível de assistir ao vivo a este renomado mestre budista. Fique atento no site da Tergar para mais informações e data das inscrições.

 

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