Onze meninos do time de futebol que foram resgatados de uma caverna inundada na Tailândia deram os primeiros passos nesta terça-feira para serem ordenados noviços budistas. Uma cerimônia tradicional no país foi transmitida por autoridades locais. A quarta-feira marca o início dos nove dias em que os jovens passarão no templo budista — uma promessa feita por suas famílias em gratidão ao salvamento e em memória do mergulhador que morreu na operação.
O resgate envolveu mergulhadores e voluntários de todo mundo e terminou em 10 de julho. Os meninos e o treinador de 25 anos, Ekapol Chanthawong, entraram na caverna para explorá-la, mas ficaram presos sem ter como voltar após fortes chuvas. Eles foram descobertos por acaso por mergulhadores e sobreviveram com a água que pingava das pedras até o fim do resgate.
“Os onze meninos serão ordenados como noviços, enquanto o treinador Ekapol será ordenado monge”, explicou o porta-voz da província de Chiang Rai, Rachapol Ngamgrabuan.
A meditação foi uma das ferramentas usadas pelo treinador dos doze meninos presos em uma caverna na Tailândia para mantê-los calmos enquanto esperavam por socorro. Quando foram encontrados por dois mergulhadores ingleses, nove dias após o desaparecimento, os garotos estavam tranquilos.
— A meditação coloca a nossa mente no centro do nosso corpo, assim quando sentimos medo ou estamos estressados, nossa mente continua calma e relaxada — diz o monge tailandês Long P. Tony do The Middle Way Meditation Institute (Instituto de Meditação Caminho do Meio).
O treinador passou dez de seus 25 anos em um templo budista após ficar órfão. A experiência religiosa fez com que ele pudesse passar o que aprendeu para seus alunos.
— Quando passamos a fazer exercícios de meditação e relaxamento temos mais chance de sobrevivermos diante de uma situação adversa porque desenvolvemos controle emocional — fala Vannessa Resende, especialista em psicologia e psicoterapeuta.
É possível que a prática milenar tenha auxiliado as crianças não apenas a manter a calma, mas também a controlar a fome.
— A meditação ajuda na regulação da ansiedade, até mesmo fazendo reduzir os desejos de fome e sede — afirma Vitor Friary especialista em meditação mindfulness.
Em entrevista para a Folha de S. Paulo, o neurologista afirmou: “A meditação atua no eixo corpo neuroendócrino-imunológico. Quando meditamos, estimulamos a produção de neurohormônios, que passam a circular pelo corpo reorganizando o organismo”.
Ocorre, então, uma regularização da frequência cardíaca, da pressão arterial e dos próprios sentidos de estresse, dor e da fome, o que nos ajuda a entender um pouco mais a resistência dos meninos e de Ake nos dias que ficaram confinados dentro da caverna de Tham Luan.
Esta prática apresenta benefícios mesmo com pouco tempo de experiência — como ocorreu com os meninos — e é recomendada para pessoas de qualquer idade, desde criança a idosos.