Sendo sujeitos à mudança, por que procuramos o que também está sujeito à mudança? Embora possamos ver e compreender, em algum grau, a futilidade de buscar satisfação em coisas que — devido à sua própria natureza — não duram, nos encontramos com frequência vivendo nossas vidas apenas esperando pela próxima grande experiência; tanto faz se são as próximas férias, o próximo relacionamento, a próxima refeição ou até mesmo a próxima respiração.
Nós nos inclinamos e ficamos eternamente amarrados na antecipação. Refletir sobre, e observar diretamente a impermanência nos lembra de novo e de novo que toda experiência é apenas parte de um show transitório sem fim.
Meu primeiro professor do dharma, Anagarika Munindra, costumava nos perguntar: “Onde está o fim de se ficar vendo, saboreando ou sentindo?”. Claro que não há nada de errado nessas experiências; elas simplesmente não têm a capacidade de satisfazer nosso anseio profundo por felicidade.
O maravilhoso paradoxo do caminho espiritual é que todos esses fenômenos efêmeros que — como objetos de nosso desejo — nos deixam insatisfeitos, enquanto objetos do estado desperto se tornam o próprio veículo do despertar. Quando tentamos tomar posse e agarrar experiências que são transitórias por natureza, acabamos no final sempre insatisfeitos. Mas quando olhamos com atenção plena a natureza de constante mudança dessas mesmas experiências, não ficamos mais tão possuídos pela sede do desejo. Por estado desperto me refiro à qualidade de prestar atenção completa ao momento, se abrindo para a verdade da mudança.
Então não é uma questão de fechar nossos sentidos e se retirar do mundo, mas de abrir nosso olho de sabedoria e viver livre no mundo.
Joseph Goldstein, “One Dharma”, cap. 3
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