”Somos o Que Pensamos”
Em uma frase bem conhecida, Buda disse: “o ódio jamais pode cessar com ódio. O ódio só pode cessar com amor. Esta é uma lei eterna”. Podemos começar a transcender o ciclo de aversão quando conseguimos parar de ver a nós mesmos, pessoalmente, como agentes da vingança. No final, todos os seres são os donos de seu próprio carma. Se alguém causou dano, irá sofrer. Se causamos dano, iremos sofrer. Como o Buda disse no Dhammapada: “somos o que pensamos”.
Tudo o que somos surge com nossos pensamentos. Com nossos pensamentos, fazemos o mundo. Fale ou aja com uma mente impura e problemas te seguirão assim como a roda segue o boi que puxa a carroça. … Fale ou aja com uma mente pura e a felicidade vai te seguir como sua sombra, imperturbável. Felicidade e tristeza dependem de nossas ações.
Sharon Salzberg, em “Lovingkindness”.
Pra que seguir impulsos? por Kosho Uchiyama
Você deve tentar encarar tudo que lhe ocorre na mente apenas como uma secreção. Todos os nossos pensamentos e sentimentos são um tipo de secreção. É importante para nós vermos isso claramente.
Sempre tive coisas surgindo em minha cabeça, mas se eu tentasse agir em tudo que me ocorresse, isso iria apenas me esgotar.
Você já teve a experiência de estar em um lugar muito alto e sentir um impulso de pular? Aquele impulso de pular é apenas uma secreção na sua cabeça. Mas se você acredita que precisa seguir cada impulso que surge na mente, bem…
O Buda descreveu a prática de seus ensinamentos como “ir contra a corrente”. A luz firme do estado desperto revela o quanto somos empurrados no fluxo dos condicionamentos passados e hábitos.
No momento em que decidimos parar e olhar o que está acontecendo (como um nadador repentinamente mudando seu curso para nadar em outro sentido), nos encontramos sendo golpeados por correntes poderosas que nunca nem suspeitávamos existir — justamente porque até esse momento estávamos vivendo totalmente sobre seu comando.
Para derrotar hábitos e impulsos
O problema essencial, que um momento de reflexão sobre nossa experiência vai confirmar, não é que impurezas ocorrem dentro de nossas mentes, mas que em 9 de cada 10 vezes não estamos conscientes que elas estão ali.
Ou melhor, na hora que elas irrompem em nossa consciência, normalmente adquiriram tal dimensão e força que no andar normal da situação somos impotentes para evitar suas consequências.
A explosão súbita de raiva destrutiva, o impulso de luxúria, a palavra cruel ou arrogante que pode ter consequências de alterar vidas, devem todas ter saído de algum lugar: talvez muito tempo atrás, em uma momentânea faísca de impaciência ou desejo que, se tivesse sido trabalhada na hora, poderia ser facilmente neutralizada ou dissipada.
Tudo bem, mas como precisamente alguém se torna tão perfeitamente auto-confiante que nenhum impulso da mente, não importa quão pequeno, consiga passar despercebido?
Não há soluções mágicas. A técnica prescrita por Shantideva é uma vigilância constante e incansável – um alerta contínuo sobre o que se passa em nosso fórum interior. Ele diz que devemos proteger nossas mentes com o mesmo cuidado que alguém protegeria um braço ferido ao andar em meio a uma multidão desordenada; […]
Shantideva recomenda que tão logo sentimos vontade de fazer qualquer coisa — falar, ou mesmo andar pela sala — devemos iniciar o hábito do auto-exame. O menor impulso à negatividade deve ser saudado com uma paralisação total do sistema:
Então, você deve permanecer como um tronco de madeira (Bodhicharyavatara, cap. 5, 50-53)
Nenhum pensamento deve ter a permissão de virar ação sem ser examinado. Devido ao grau de auto-consciência necessário, não é surpresa que Shantideva se refira às minúcias do comportamento do dia-a-dia — todas as pequenas coisas que habitualmente deixamos passar, dizendo para nós mesmo que elas são muito pequenas para nos preocuparmos.
Nesta prática, na verdade, são exatamente os impulsos menores – geralmente impulsos subliminares e padrões de comportamento – que exigem a maior atenção.
Grupo de Tradução Padmakara Na introdução do livro “The Way of The Bodhisattva”, o Bodhicharyavatara, de Shantideva
Subjugar a mente traz felicidade
No geral, há 84 mil aflições. Todas elas, quando classificadas, caem em 212 classes. Ao ser divididas, elas ficam então entre as 6 aflições-raiz e 20 aflições derivadas. Estas, também, podem ser ainda classificadas dentro dos cinco ou três venenos. Quando divididas ainda mais, são reduzidas a uma única aflição, mais especificamente só o auto-apego.
Aquele que subjugou essa aflição da maneira mais completa experimenta o mais alto grau de felicidade; de maneira intermediária, um grau intermediário de felicidade; e de maneira mínima, um grau mínimo de felicidade.
Aquele que não subjugou nada, não experimenta absolutamente nenhuma felicidade.
O Bhagavan [Buda] declarou que: “O mundo é produzido pela mente — passa a existir em função da mente. Todas as coisas seguem-se a partir da influência de uma única coisa, isto é, a mente”. Ademais: “O bem está em subjugar a mente. Subjugar a mente traz felicidade”.
Sé Chilbu Chökyi Gyaltsen (Tibete, ano 1121 – 1189) “Comentário sobre os Sete Pontos do Treinamento da Mente” “Mind Training”
No Vídeo abaixo, você confere uma animação budista sobre o processo de desenvolvimento da mente, ao londo do progresso da prática da meditação shamatha. Confira abaixo:
Leia também, e conheça a ”Shenpa”, a palavra tibetana que fala sobre seus hábitos negativos.
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